Xerostomia é o nome dado à secura bucal que atinge um terço da população mundial. A ocorrência frequente de casos de pacientes com xerostomia em meu consultório foi um dos principais motivos para que realizasse esta postagem.
Várias são as causas que interferem para que haja a secura bucal, dentre elas o uso de medicamentos, respiração bucal, estresse, obstrução nasal, diabetes, doenças autoimunes, senilidade, distúrbios neurológicos, fumo, menopausa e alterações hormonais, efeito colateral de radioterapia, entre outros.
A incorreta ingestão de líquidos já é um grande fator para diminuição da formação salivar, visto que a maioria das pessoas não se hidratam adequadamente e os líquidos ingeridos não são suficientes e nem possuem qualidade satisfatória para a produção da saliva. O abuso de bebidas gaseificadas, refrigerantes (principalmente os Zero açúcar que contém sódio em maior quantidade), bebidas alcoólicas e o danado do cafezinho em excesso que o brasileiro tanto ama, o são aliados da xerostomia. E a água que é fundamental, o líquido divino que hidrata, limpa e é essencial para a liberação de nossas toxinas fica em último plano. Por tanto, nada substitui a água.
Com a correria da vida moderna, além da incorreta alimentação e hidratação, o estresse é grande influente na redução da saliva. Há um aumento da adrenalina na corrente sanguínea e consequentemente uma diminuição da função das glândulas salivares.
A redução da quantidade e da qualidade de saliva interfere na piora do processo digestivo, já que a enzima ptialina (ou amilase salivar) é que digere parcialmente o amido. Além da digestão começar pela boca, a saliva tem a função de lubrificar e umidecer o alimento que está sendo triturado e reduz também o atrito entre os dentes devido à película que se forma. Isso significa que a redução do fluxo salivar está intimamente ligada ao aumento de escamação bucal, aumentando a formação de cáseos amigdalianos!
Com as inúmeras funções da saliva, torna-se desnecessária a ingestão de líquidos durante a refeição. Acontece que com o corre corre diário, as pessoas infelizmente deixaram de mastigar adequadamente os alimentos e os "empurram guela a dentro" com meio litro de líquido (geralmente o venenoso refrigerante). Antes de engolir, deve-se mastigar umas 33 vezes, comer é prazer, sentir sabor, deixar o cérebro receber as informações e gerar saciedade. Portanto reduza os bocadões dos lanches, as montanhas das garfadas e mastigue, mastigue, mastigue, transformando o alimento em partículas menores, umidecendo e deixando as enzimas exercerem o seu papel. Mesmo porque, como minha mãe sabiamente sempre disse à mim e minha irmã quando éramos crianças, " o estômago não tem dentes"!
Na verdade, a saliva é o nosso detergente natural! Lava constantemente nossa boca, e em sua ausência, as bactérias fazem verdadeiras festas. Com a xerostomia, dentes, gengiva e bochechas são prejudicados, intensificando problemas periodontais e aumentando o índice de cáries. Como é rica em minerais que são fundamentais na remineralização dos dentes, a saliva mais espessa quando ingerimos pouca água, acaba endurecendo a placa bacteriana e formando o tártaro. As queixas principais dos pacientes é a alteração no paladar, dificuldade de mastigação e deglutição, mau hálito e dores de gartanta.
Bem, eu sei que me empolgo, meus pacientes dizem que não explico, dou aulas! Eu poderia escrever folhas e mais folhas sobre este tema, mas o objetivo não é este.
E aí, Dra, tem solução?
São inúmeros os recursos, até mesmo o emprego de salivas artificiais.
Um exame no cirurgião dentista, uma boa anamnese são fundamentais para a eleição do tratamento. O correto diagnóstico e a descoberta da causa é que vão dar tais diretrizes.
Obrigada pelo tempo dispendido a esta leitura e até a próxima postagem!